Voltei no começo da tarde. Afora o sepultamento do meu sogro, foi o primeiro a que me senti incontornavelmente obrigado a ir, desde o de mamãe. Max Klein, pastor e guitarrista, fazia um sermão de despedida em homenagem ao irmão mais novo, de quem falava com grande doçura. Ao fim da oração, aproximei-me para o adeus, toquei as mãos do amigo morto e agradeci por tudo que fez por minha música. Foi quando avistei o Jouber do outro lado. Cruzamos os braços no ar, acima do caixão, e apertamos ali as nossas dores comuns, semblantes desfeitos.
Quando o féretro seguiu, Tiquinho, do lado de fora da capela, me puxou pelo ombro.
Daqui, eu volto, disse, baixo. Estava bom pra ele, não queria ver mais nada.
Vou até lá, respondi apontando o queixo ladeira acima do cemitério...
Subimos a aleia central do São João Batista carregando o esquife entre muitas mãos amigas, dobramos à direita, à esquerda em seguida, e, por fim, chegamos ao jazigo do Marcio Klein, lá no alto. As três Catarinas ao fundo, contemplando-nos, indiferentes...
Jouber e eu nos abraçamos nas proximidades para aguardar todo aquele desolador procedimento padrão. A pá de cal. A descida do caixão. As placas selantes. A massa de cimento. O Mateus à beira do túmulo, desfeito em lágrimas, tentando entender o que não dá pra entender. O fechamento da tampa de mármore. As coroas de flores a ela sobrepostas. E a hora de ir embora e deixar ali... deixar ali, o quê? Esse ponto é extremamente confuso na minha cabeça...
Descemos a rua do cemitério juntos, Joubim, Cesar, um primo do Marcio, e eu, e depois nos despedimos, na avenida Alberto Braune.